lunedì 19 novembre 2007

Maravilhoso Pirandello, amigo de Portugal




Até ao próximo domingo, dia 25 de Novembro, estará em cena no Teatro Argentina a peça I Giganti della Montagna (Os Gigantes da Montanha) de Luigi Pirandello.


Grande trabalho encenado por Federico Tiezzi com as participações de Sandro Lombardi, Iaia Forte, Marion d’Amburgo, Massimo Verdastro, Silvio Castiglioni, Debora Zuin, Alessandro Schiavo, Ciro Masella, Clara Galante, Andrea Carabelli, Aleksandar Karlic. Nele concorrem ainda trabalho de luz e som, cenários e figurinos, num todo homogéneo de grande qualidade.

O texto, deixado incompleto pelo grande autor italiano, " è l’analisi incompiuta di tre condizioni dell’uomo: la pietosa finzione del sogno, l’utopia di voler portare la poesia per il mondo ed il nascere di una società di uomini orgogliosi e rozzi che negano qualsivoglia forma d’arte", nas palavras de Lucio De Angelis.


Pirandello foi, desde cedo, um autor muito amado em Portugal,.

Antes das traduções de Manuel Francisco do Nascimento (Pensão Vitalícia, 1940), de José Marinho (O falecido Matias Pascal,1945), de Graziella Saviotti Molinaria (Contos, 1947) e de todas as que se lhe seguiram foi a poetisa Fernada de Castro quem primeiro o traduziu, em 1925.
A peça Uma verdade para cada um foi apresentada no âmbito de uma tentativa de teatro de vanguarda em Lisboa, o "Teatro Novo", promovida por António Ferro, que marcou a estreia absoluta de Pirandello em Portugal, no foyer do Teatro da Trindade. A autora traduziu ainda A Volúpia da Honra, levada à cena no teatro nacional em Lisboa.

Fernanda de Castro (1900-1994), irá encontrar-se duas vezes com Pirandello, sempre graças a iniciativas de António Ferro: em 1933 no “I Congresso de Crítica Dramática e Musical” e mais tarde, em 1937, durante as celebrações que acompanharam a Exposição de Paris (1937) na Casa de Portugal - a que se refere a fotografia que aqui publicamos.

Fernanda de Castro recorda assim um eesses encontros:


“Nos tempos heróicos em que era preciso ter coragem, fantasia, imaginação, para substituir as verbas mais que modestas do SNI, António Ferro encontrara um meio relativamente barato para fazer conhecer Portugal no estrangeiro (…) convidava as pessoas-chave para visitar o nosso País, e dentro das nossas fronteiras ocupava-se delas, mostrava-lhes o que tínhamos de mais interessante para lhes mostrar, passeava-as através do País, organizava, ou conseguia que outros organizassem, festas típicas nas regiões diversas, e ao fim de alguns dias sentiam-se em casa e apetecia-lhes ficar mais tempo. Quando enfim partiam, eram já amigos íntimos de Portugal e, ao chegarem aos seus países, provavam-no escrevendo maravilhas nos seus respectivos jornais. Sei que ninguém vai acreditar, mas posso jurar que o SNI não pagou um único artigo das dezenas e dezenas que então apareceram em diversos jornais e revistas da Europa. Mas como foi possível? Perguntar-me-ão incrédulos. Simplesmente como eu disse (…) saber quem eram as pessoas-chave de então, estimá-las e ser estimado por elas (…) Como teria António Ferro conseguido levar à Casa de Portugal em Paris, quatro sextas-feiras consecutivas Colette, Pirandello, Maeterlinck e Paul Valéry? Pagando-lhes? Pelo amor de Deus, não haveria dinheiro que chegasse.”

( in Cartas para Além do Tempo, p.76)


Para saber mais sobre Fernanda de Castro ver:

Belíssimo artigo de Ana Marques Gastão no Diário de Notícias:




Nessun commento: