lunedì 15 marzo 2010

Exercício (Frei Luís de Sousa): "E se Manuel não tivesse posto fogo ao palácio?" VILMA GIDARO


Museu Nacional do Teatro, Maquete do retrato de D.João de Portugal para cenário do 2º acto da peça “Frei Luís de Sousa“.Cª Rey Colaço Robles Monteiro, Baptista Fernandes.


O estudo de alguns excertos da obra imortal de Almeida Garrett, "Frei Luís de Sousa", inspirou a escrita criativa de alguns dos nossos alunos...

Imaginar o que teria acontecido àquela família se, quando estavam chegando os Governadores espanhóis, Manuel de Sousa Coutinho não tivesse pegado fogo ao seu palácio. Será que alguma vez o Romeiro teria chegado à fala com D. Madalena de Vilhena?

Esta é a versão de Vilma Gidaro:



Manuel, segundo marido da Madalena, regressou a casa com uma má noticia: os espanhóis tinham tomado o poder da cidade e queriam que todos os habitantes se submetessem a eles. Disse-lhe também que queria que partissem imediatamente para a casa dela, porque ele havia de pegar fogo à sua casa para demonstrar ao governo espanhol a sua oposição e dar o bom exemplo aos portugueses.

Ela com muita angustia disse a Manuel que não podia pedir-lhe para morar com a sua nova família na casa onde vivia com Dom João de Portugal, sobretudo agora que um peregrino chegado de África, com uma mensagem do seu marido, que estava vivo e cativo desde a batalha de Alcácer-Quibir. Se Dom João fosse libertado e chegasse a Portugal, eles nunca poderiam viver em paz naquela casa.

Ansiosa acrescentou que já estavam em pecado mortal, porque o seu primeiro marido estava vivo e o casamento deles era ilegítimo diante de Deus. Chorava, coitada, com uma desolação tão grande, que o marido decidiu permanecer aí e dar batalha e o bom exemplo de outra maneira. Depois tentou acalmá-la dizendo que tinham de viver no fogo do pecado entre eles, mas que podiam expiar continuando a educar a filha e defendendo o País contra os espanhóis.

No entanto Dom João, depois de 20 anos de prisão sofrida na África, regressou a Portugal e foi à procura da sua mulher, como ela tinha previsto, na casa onde viviam. Chegado ai, encontrou a casa vazia, e temendo pela sorte de Dona Madalena, começou a perguntar por todo o lado o que tinha acontecido a sua mulher.

Por fim encontrou uma vizinha, que quase não o reconhecia. Ela esclareceu-lhe os feitos: Dona Madalena, depois de ter tanto esperado por o seu regresso, tinha decidido casar de novo, com um senhor valoroso, Manuel de Sousa Coutinho e, sem conseguir esconder a sua felicidade, contou-lhe que a Dona Madalena agora era mãe de uma menina de 10 anos, lindíssima e inteligente.

Dom João, a esta noticia, fechou os olhos e desviou um bocado. Estava cansado, e agora confuso e desolado. Não, não podia arruinar a felicidade da sua amada esposa e tanto menos a vida de uma menina deixando-a sem os seus pais. Não, não podia comportar-se como um homem qualquer...

A decisão foi difícil, mas decidiu com grande espírito de sacrifício, tornar-se monge no Mosteiro de São Bento em Santo Tirso e partiu imediatamente para o mosteiro. Três dias depois já estava em paz com Deus e com os homens. Mas o estado de graça durou muito pouco.

Na semana seguinte os espanhóis chegaram a Santo Tirso e deram batalha aos habitantes, os portugueses em resposta, pegaram fogo à cidade, inclusive o mosteiro. No fogo, morreu o novo monge e com ele a história de Dom João de Portugal.

VILMA GIDARO

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