lunedì 6 dicembre 2010

Ferena Carotenuto escreve sobre Portugal


A nossa brilhante aluna Ferena Carotenuto envia-nos, em forma de carta para uma amiga, algumas impressões sobre o seu estudo do Português. Muitíssimos parabéns pelo excelente trabalho da recém-chegada lusófila e - quem sabe? - futura lusitanista!...


Queridíssima Adelheid,


perguntas-me na tua última carta acerca do meu curso de língua portuguesa. Como bem sabes, escrever para mim é muito mais fácil que falar. Sou uma pessoa tímida, e as palavras não sempre podem voar. Às vezes elas ficam melhor na página branca, tranquilas. Creio que a única maneira de te escrever tudo o que eu sinto acerca desta coisa nova, será tomar algumas palavras para descrever com poucos elementos imagens bastante claras do tema. Portugal, na minha opinião, pode-se dizer com as seguintes palavras.

O fado. Eu não conheço esta música, ainda não. Conheço só as canções dum único concerto cantado no Auditorium em Outubro em Roma. Como eu digo, não entendo nada disso. Mas posso bem escutar as notas e os sons da música. São sons escuros, notas tristes e prolongadas. Não entendo mesmo as palavras. Mas as palavras têm sons, e os sons têm cores. As palavras são sons coloridos, e também estes são cores escuras, quase pretas.
Então, depois dos sons, nasce na minha mente uma imagem precisa. Imagino uma mulher, sozinha, à tarde. Está frio, e ela está triste. Em frente do mar ela olha o horizonte. Mas não pode ver nada. A mulher espera. Espera de alguém. Dum alguém que não pode voltar. Ou que não quer voltar. O rosto da mulher está molhado de chuva e de pranto. Como se canta noutro famosíssimo fado, há muros de pranto e paredes de água. E todos temos, em alguma esquina da nossa alma, um muro de pranto. Ou mais do que um.
Gosto muito dos cantores de fado. Um fado cantado por um homem tem, para os meus ouvidos, muito mais sentido do que um fado cantado por uma mulher. Os fadistas certamente são capazes de exprimir sentimentos fortes.
Agora, depois do concerto, não posso ouvir música tradicional de Portugal sem pensar nesta imagem. O fado, para mim, vai ser basicamente mágoa, tristeza e solidão. E o fado é Portugal.

Fátima. A Nossa Mãe em Portugal! Maria fala português aos três meninos. Português, a língua da Mãe de Deus! Trago sempre comigo uma pequena medalha com a imagem da Virgem e dos três meninos. Vejo também o rosto de Maria, um rosto oval, perfeito, dulcíssimo. A esta Nossa Mãe todo o mundo traz pedidos, orações, dores e esperanças. Ela ama-nos! Maria, luz da manhã, estrela brilhante. Fátima, então, é o amor de Deus e da sua doce Mãe. Fátima é a Igreja, a Religião e a Fé. Também Fátima é Portugal.

O IPSAR. No Instituto Português de Santo António em Roma, o elemento decisivo para mim era o Santo. Desde quando era menina com menos de dois anos, António é o meu santo. Gosto dele com o Menino Jesus em seus braços, uma imagem tão querida!
Agora para mim o IPSAR tem a imagem duma bandeira portuguesa no coração de Roma. Uma bandeira de cultura, coragem e liberalidade. Ainda não conheço bem o website do Instituto, porém acho que a difusão de música, literatura, arte e muito mais em relação a Portugal seja a missão principal deste centro cultural aberto a todos. Os lugares de cultura, numa época de cortes financeiros em todo o mundo, são ao centro duma luta fundamental contra a ignorância destes nossos tempos modernos. O IPSAR é Portugal.

Queridíssima, espero que tu compreendas a minha tentativa de descrever um país em imagens. Que achas?
Um abraço muito grande
Ferena

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