mercoledì 19 ottobre 2011

Ferena Carotenuto: reflexão sobre o "Livro do Desassossego"


Exercício da nossa aluna Ferena Carotenuto sobre a leitura de um excerto do "Livro do Desassossego".


Estética s. f. Ciência que trata do belo em geral e do sentimento que ele desperta em nós; beleza (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
Bom adj. 1. Que é como deve ser ou como convém que seja. Bem (latim bene) s. m. 1. O que é bom, lícito e recomendável. 2. Conjunto de benefícios. 3. Pessoa amada (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).

“Quando Ele abriu o segundo selo, ouvi o segundo vivente que dizia: «Vem!» 4E saiu outro cavalo, que era vermelho; e ao cavaleiro foi dado o poder de retirar a paz da terra e de fazer com que os homens se matassem uns aos outros. Foi-lhe dada, igualmente, uma grande espada. (...) E, quando Ele abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente que dizia: «Vem!» 8Na visão apareceu um cavalo esverdeado. O cavaleiro chamava-se «Morte»; e o «Abismo» seguia atrás dele. Foi-lhes dado poder sobre a quarta parte da terra, para matar pela espada, pela fome, pela morte e pelas feras da terra.” Ap., 6.
O assunto que abre este fragmento do L.do D. segundo o meu ponto de vista é discutível: “todas as coisas deste mundo e do outro mundo podem ser encaradas sob um aspecto (...) elegante (...), quer elas o sejam, quer não. “
É o aspecto que é indiferente à essência das coisas, sejam elegantes ou indecorosas. Então, o autor para diante da realidade superficial das coisas, confessando a impossibilidade ou a recusa de conhecer as coisas como elas são verdadeiramente. Só o aspecto é importante, não o é a verdade. A verdade, ou o falso, desta maneira, são equivalentes: uma garrafa cheia de veneno, com formas bonitas, deve ser melhor do que uma garrafa feia na forma, mas cheia de elixir; ou, pelo menos, equivalente.
Segundo B.S. o mau, o horrível, são dignos de ser representados. Porém o mau, o sórdido não existem em si e por si como conceitos absolutos: eles definem-se como faltas. O mau existe somente como falta do Bem e o horrível define-se só como falta do belo, do maravilhoso. A falta do Bem é causada pela caducidade do mundo ou da Natureza, como o autor reconhece no mesmo fragmento; um mundo limitado, mortal, que decai, desaparece e se desintegra não deveria ser o único parâmetro de juízo, senão deixar-nos intuir a existência de um outro mundo, onde existe o Bem absoluto, ao qual deveríamos aspirar, também na criação artística, e portanto poética. É lógico que a criação artística propende à representação da beleza, ou dito melhor, propende à tentativa de alcançar a perfeição, sabendo que a perfeição absoluta não pertence a este mundo.
Nesse caso, o autor supõe a existência absoluta do mau, admite a falta da presênça divina na nossa vida: “Assim, não sabendo crer em Deus, e não podendo crer numa soma de animais, fiquei, como outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comummente se chama a Decadência“ (L.do D., 1). Falta-lhe a idéia da imortalidade, rechaça a concepção do homem como criatura filha de Deus, caída do seu estado de felicidade pela sua própria liberdade de escolha entre o Bem e o Mal. Se, como afirma B. S., “o estético (...) não tem relação nenhuma com a natureza das coisas“ (que nós deixa distinguir entre coisas dignas de ser representadas e outras não dignas), será possível admitir praticamente tudo como expressão artística, também excrementos humanos como obra de arte: http://it.wikipedia.org/wiki/Merda_d'artista.
Desde quando, como disse Nietzsche, “Deus é morto“, assunto partilhado parcialmente pelo autor (L.do D., 1)., o Feio, o Mau serão dignos de representação: filmes pornográficos, filmes de pedofilia, filmes feitos pelos terroristas onde se exibem decapitações de prisioneiros inocentes, tudo isto pode pesquisar livremente na web.

O Feio, o Mau, o sórdido são expressões da falta de Bem. O Bem, para os Cristãos, coincide com o Amor. Portanto, o Feio e o Mau são produtos do oposto do Bem, são expressões do Ódio.
Aqui temos uma ligação lógica com o resto da dissertação, com a guerra. O que é a guerra, senão a manifestação de um ódio colectivo, de milhões de pessoas para outros milhões de pessoas? O ódio pode ser estético? Hoje há em alguns países “a jornada do ódio“: será estética também esta? Finalmente o mesmo autor não pode sustentar mais a sua hipótese da beleza da guerra: ela é suja, é furiosa, sinistra, trágica. Nenhuma destas coisas é estética.
Os povos pagãos antigos, mais sábios de que nós, raramente representaram a guerra na arte: representavam a vitória, os triunfos.
Segundo o autor, o lado estético da guerra consistiria nos preparativos. É claro que, nos anos trinta do século passado, B. S. não podia conhecer as teorias de John Nash:
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Forbes_Nash,_Jr., ou melhor expresso na ligação matemático-lógica seguinte:
http://en.wikipedia.org/wiki/Cooperative_game: é possível acordar-se com as pessoas a nós hostis de maneira satisfatória para todos. É claro que não é fácil alcançar um acordo, e que isto requer inteligência, paciência e elasticidade mental, porém vale a pena!

Ferena Carotenuto

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