mercoledì 18 luglio 2012

Isabella Mangani - Diário de Lisboa (3)

A nossa aluna, amiga e colaboradora Isabella Mangani está em Lisboa. Da capital à beira Tejo propõe-se enviar, com a regularidade possível, para os leitores de Via dei Portoghesi, um relato da sua viagem...
Boa leitura!

–Não gosto dela.

– Mas é boa!

É só um exemplo dos diálogos que se podem intercetar no Largo da Severa durante as visitas cantadas gratuitas organizadas pela associação Renovar a Mouraria todos os fins de semana até setembro.  Já tive a oportunidade de ouvir – acompanhados por conjuntos diferentes – Gisela João, Jaime Dias e Ana Sofia Varela (nome que deve ser familiar aos lusófilos romanos, uma vez que se estreou na Noite de Fado de 2007 no Instituto de Santo António, a primeira a que assisti, quando este blog nem sequer existia!).

Sempre que a cantora (ou aliás, cantadeira, que parece ainda não ter entrado em desuso para indicar especificamente as cantoras de fado) ouve “Olh’a fadista!” é um bom sinal. Ótimo. Regra geral, isto acontece pouco antes dela terminar a canção, assim como as salvas de palmas começam enquanto ainda está a estilar.

“Outro, outro!” ou “Mais um! Mais um!” são as incitações para que os músicos continuem a deliciar a plateia ao invés de terminarem para que o grupo possa continuar a visita do bairro.

“E lembre-se de que a Severa nasceu aqui na Mouraria! O que é esta asneira de que nasceu na Madragoa?! A Severa era daqui, assim como o Fernando Maurício e a Argentina Santos!” é o que ouvi gritar apaixonadamente por uma senhora que não queria deixar que o nosso guia terminasse a sua tarefa. Por falar nisso, a primeira afirmação da senhora é falsa e as duas últimas verdadeiras.

“A Mariza começou aqui na Mouraria, os pais dela tinham uma tasca mesmo aqui perto. E a outra também, como se chama...”  Sim, porque o fado é bairrista, e os moradores do bairro também são!

Finalmente, “Oi, veio p’ra a praia… está toda nuazinha…” é, pois claro, uma das frases que podem sair bondosamente da boca dos prezados senhores (e que, neste caso, se referia às costas da cantora, coitada).

Para terminar com uma (agora já habitual!) referência à magia deste lugar, só falta isso: há alguns dias decidi por acaso de voltar a uma excelente tasquinha que tinha experimentado na semana anterior, assim, porque queria comer uma boa dourada grelhada (a própria lembrança faz me ficar com água na boca e esta semana vou lá voltar, com certeza). Sento-me, levanto os olhos e vejo... o guitarrista Ricardo Parreira! Não me lembrava do seu nome mas reconheci logo a cara e ao fim do jantar tive a coragem de o cumprimentar, depois vi que à sua mesa estava também o violista (e cantor) Ricardo Oliveira e outro músico que infelizmente ainda nunca ouvi tocar. Tudo isto é fado, meus amigos.

PS: Na fotografia, os “sapatos namorados” de Gisela João.

****

–Non mi piace.

– Ma è brava!

Questo è soltanto un esempio degli scambi che si possono ascoltare nel Largo da Severa, durante le visite cantate gratuite organizzate dall’associazione Renovar a Mouraria tutti i fine settimana fino a settembre.  Sono già riuscita ad ascoltare – accompagnati da musicisti diversi – Gisela João, Jaime Dias e Ana Sofia Varela (che dovrebbe accendere una lampadina nella mente dei lusofili romani, visto che è stata la protagonista della Noite de Fado del 2007, la prima volta per me, quando questo blog non esisteva neppure!).

Quando la cantante (o cantadeira, termine che non sembra essere ancora andato in disuso per indicare proprio una cantante di fado) sente “Olh’a fadista!” è un buon segnale. Ottimo. Lo renderei alla romana “Anvedi che fadista!”. Solitamente succede poco prima che finisca la canzone, così come gli applausi iniziano mentre sta ancora facendo l’ultima infiorettatura.

“Outro, outro!” o “Mais um! Mais um!” (Un altro! Ancora uno!) sono le incitazioni del quartiere affinché si continui a deliziare il pubblico invece di smettere affinché il gruppo continui la visita del quartiere.

“E si ricordi che la Severa è nata qui nella Mouraria! Che diamine dice, che è nata nella Madragoa?! La Severa era di qua, come Fernando Maurício e Argentina Santos!” è quello che ho sentito gridare con molta passione a una signora che non voleva lasciar lavorare la nostra guida. Già che ci siamo, la prima affermazione è falsa e ultime due vere J, e la Severa è il primo mito del fado.

“Mariza ha cominciato qui nella Mouraria, i genitori avevano un ristorantino qua vicino. E pure quell’altra, come si chiama...”  Sì, perché se il fado è "bairrista” (campanilista, ma riferito specificamente a un quartiere) gli abitanti del quartiere (bairro) lo sono altrettanto!

Infine, “Guarda là, pare che sta sulla spiaggia… tutta scoperta…” è, ovviamente, una delle frasi che possono uscire bonariamente dalla bocca dei gentili signori (e che, in questo caso, si riferiva alla schiena della povera cantante).

Per finire con un (ormai solito!) riferimento alla magia di questo posto, manca soltanto questo: qualche giorno fa o deciso per caso di tornare in un eccellente ristorantino dove ero stata la settimana precedente, così, perché volevo mangiare una buona orata alla griglia (al solo pensiero mi torna l’acquolina e questa settimana ci torno di sicuro). Mi siedo, alzo gli occhi e vedo... il suonatore di chitarra portoghese Ricardo Parreira! Non mi ricordavo il nome ma l‘ho riconosciuto subito e alla fine della cena ho avuto il coraggio di andare a fargli i complimenti, per poi vedere che al suo tavolo c’erano anche il chitarrista (e cantante) Ricardo Oliveira e un altro musicista che non ho ancora sentito suonare. “Tudo isto é fado”, amici miei. Tutto questo è fatum!

PS: Nella foto, le “scarpette innamorate” di Gisela João.

ISABELLA MANGANI

1 commento:

sergio ha detto...

"Todo isto é Fado"...todo isto é Lisboa. Obrigado Querida Isabella!!! Abraço
Sérgio